sexta-feira, abril 30

Manuel Bandeira escrevia para Manuel Bandeira. Não há outra explicação. Oferto esta Poética àqueles que se dispuserem ...

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Dificuldades ...

Evolução é processo lento. Muito lento ...

quarta-feira, abril 28

Uma verdade inarredável ...

"Quanto mais o tempo passa, mais as pessoas ficam parecidas consigo" (Walter Paulo Sabella)

Uma verdade ...

O Diabo é o Diabo não porque é o Diabo, mas porque é velho ...

O maior que já pisou nestas terras ...

"Dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria para salvar as deles" (Joaquim José da Silva Xavier, O Tiradentes)

D. H. Lawrence ...

"Eu nunca vi um animal selvagem sentir pena de si mesmo. Um pássaro cairá congelado e morto de seu ninho, sem jamais ter sentido pena de si mesmo"

terça-feira, abril 27

Assim se constrói uma nação ...

Grândola Vila Morena


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade


(Esta canção foi uma das senhas utilizadas pelo MFA (Movimento das Forças Armadas), durante a Revolução dos Cravos, em Portugal. Foi tocada na Rádio Renascença, ocupada pela Revolução, às 00hrs:20min, do dia 25 de abril de 1974. Trata-se de uma composição de Zeca Afonso)

segunda-feira, abril 26

Jesus e o Centurião ... a mensagem de fundo é belíssima ...

"Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião e rogou-lhe: Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, padecendo horrivelmente. Disse-lhe: eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; mas dize somente uma palavra e o meu criado há de sarar. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: vai ali, e ele vai; a outro: vem cá, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Jesus ouvindo isto admirou-se e disse aos que o acompanhavam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. E digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente, e hão de sentar-se com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos Céus; mas os filhos deste reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e como crêste, assim te seja feito. E naquela mesma hora sarou o criado."

(Mateus, VIII, 5-13)

William Blake disse ...

"Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução"

quinta-feira, abril 22

São Paulo magnífica ...


Um dos Hinos de São Paulo...
Banda 365 ... em um momento de grande inspiração ...



São Paulo

Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...

Sem São Paulo
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...(2x)

Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...

Sem São Paulo
Oh! Oh! Oh!
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...(2x)

Quem é seu dono?
Ninguém, São Paulo
Quem é seu dono?
Ninguém, São Paulo...

Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...

Sem São Paulo
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...(2x)

Desperta São Paulo!
Desperta São Paulo!

(Composição: Finho e Ari Baltazar)

terça-feira, abril 20

Uma prece ...

HINO NACIONAL

OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS
DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE,
E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS FÚLGIDOS,,
BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE.
SE O PENHOR DESSA IGUALDADE
CONSEGUIMOS CONQUISTAR COM BRAÇO FORTE,
EM TEU SEIO, Ó LIBERDADE,
DESAFIA O NOSSO PEITO A PRÓPRIA MORTE!

Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!

BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDO
DE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE,
SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E LÍMPIDO,
A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE.
GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA,
ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO,
E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA.

TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU,BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!

II
DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO,
AO SOM DO MAR E À LUZ DO CÉU PROFUNDO,
FULGURAS, Ó BRASIL, FLORÃO DA AMÉRICA,
ILUMINADO AO SOL DO NOVO MUNDO!
DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA,
TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES;
"NOSSOS BOSQUES TEM MAIS VIDA,"
"NOSSA VIDA" NO TEU SEIO "MAIS AMORES".

Ó PÁTRIA AMADA,
IDOLATRADA,
SALVE! SALVE!.

BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO
O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,
E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA
-PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.
MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE,
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA,
NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE.

TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU, BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!

(Letra: Joaquim Osório Duque Estrada // Música: Francisco Manuel da Silva)

Há alguns anos restitui o disco à sua origem ...

Your Latest Trick

All the late night bargains have been struck
Between the southern beaus and their belles
And prehistoric garbage trucks
Have the city to themselves
Echoes and roars of dinosaurs
They’re all doing the monster mash
And most of the taxis, most of the whores
Are only taking calls for cash

I don’t know how it happened
It all took place so quick
But all I can do is hand it to you
And your latest trick

My door was standing open
Security was laid back and lax
But it was only my heart got broken
You must have had a pass key made out of wax
You played robbery with insolence
And I played the blues on twelve bars down on Lover’s Lane
And you never did have the intellegence to use
The twelve keys hanging off my chain

I don’t know how it happened
It all took place so quick
But all I can do is hand it to you
And your latest trick

Now it’s past last call for alcohol
Past recall has been here and gone
The landlord finally paid us off
The satin jazzmen have put away their horns
And we’re standing outside of this wonderland
Looking so bereaved and so bereft
Like a Bowery bum when he finally understands
The bottle’s empty and there’s nothing left

I don’t know how it happened
It was faster than the eye could flick
But all I can do is hand it to you
And your latest trick

(Dire Straits)

Brasil ...


Canção do Exílio


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

(Gonçalves Dias)

Que bonito ...

Dia desses aguardava despreocupadamente, que chegasse minha vez para pagar a conta do almoço/lanche que fizera, após algumas horas caminhando pela região central de São Paulo, quando me distraí e a fila "andou" cerca de meio metro.
Uma diligente e virtuosa senhora, recomendou à pimpolha que acompanhava:
_ Vai minina (sic) entra ali. Aproveita que o moço não tá (sic) olhanu (sic)...
A menina, sem pestanejar, tomou o lugar à fila, na minha frente, e sorriu vitoriosa para sua conselheira.

Para quem ainda crê ...

Cheia de charme

Quando a vi
Logo ali, tão perto
Tão ao meu alcance
Tão distante, tão real
Tão bom perfume
Sei lá!...

Investi!
Tudo naquele olhar
Tantas palavras
Num breve sussurrar
Paixão assim
Não acontece todo dia...

Huuuuum!
Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Cheia de charme
Um desejo enorme
De revolucionar
Oh! Oh! Oh!...

Me perdi
Entre os seus cabelos
Pela sua pele
Nos seus lábios tão macios
Tão bom perfume
Sei lá!...

Investi!
Tudo naquele olhar
Tantas palavras
Num breve sussurrar
Paixão assim
Não acontece todo dia...

Huuuum!
Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Cheia de charme
Um desejo enorme
De revolucionar...
Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!...

Paixão assim
Não acontece todo dia...

Huuuum!
Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Cheia de charme
Um desejo enorme
De revolucionar...

Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Oh!...

(Guilherme Arantes)

sexta-feira, abril 16

6ª feira ... será um dia bom...

Deixo para meus amigos este poema de Neruda que me agrada muito ...
Abraço a todos ...

Se cada dia cai

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

quinta-feira, abril 15

Mario Ucci sempre reafirmando seu talento em Londres ...

Faço questão de registrar que há poucos dias reencontrei, pelo Twitter, um grande amigo: Mario Ucci. Quem se interessa por arte deve conferir sua produção. O cara está em Londres há alguns anos, mas o Brasil ganharia muito com seu retorno. O cenário cultural seria, certamente, revigorado. É um artista com visão universal.
Abraço Marinho.

Um passado bastante presente ...

Aos que vão nascer

É verdade, eu vivo em tempos negros.
Palavra inocente é tolice. Uma testa sem rugas
Indica insensibilidade. Aquele que ri
Apenas não recebeu ainda
A terrível notícia.

Que tempos são esses, em que
Falar de árvores é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?
Aquele que atravessa a rua tranquilo
Não está mais ao alcance de seus amigos
Necessitados?

Sim, ainda ganho meu sustento
Mas acreditem: é puro acaso. Nada do que faço
Me dá direito a comer a fartar
Por acaso fui poupado (Se minha sorte acaba, estou perdido!)

As pessoas me dizem: Coma e beba! Alegre-se porque tem!
Mas como posso beber e comer, se
Tiro o que como ao que tem fome
E meu copo d'água falta ao que tem sede?
E no entanto eu como e bebo.

Eu bem gostaria de ser sábio
Nos velhos livros se encontra o que é sabedoria:
Manter-se afastado da luta do mundo e a vida breve
Levar sem medo
E passar sem violência
Pagar o mal com o bem
Não satisfazer os desejos, mas esquecê-los
Isto é sábio.
Nada disso sei fazer:
É verdade, eu vivo em tempos negros.

2

À cidade cheguei em tempo de desordem
Quando reinava a fome.
Entre os homens cheguei em tempo de tumulto
E me revoltei junto com eles.
Assim passou o tempo
Que sobre a terra me foi dado.

A comida comi entre as batalhas
Deitei-me para dormir entre os assassinos
Do amor cuidei displicente
E impaciente contemplei a natureza.
Assim passou o tempo
Que sobre a terra me foi dado.

As ruas de meu tempo conduziam ao pântano.
A linguagem denunciou-me ao carrasco.
Eu pouco podia fazer. Mas os que estavam por cima
Estariam melhor sem mim, disso tive esperança.
Assim passou o tempo
Que sobre a terra me foi dado.

As forças eram mínimas. A meta
Estava bem distante.
Era bem visível, embora para mim
Quase inatingível.
Assim passou o tempo
Que nesta terra me foi dado.

3

Vocês, que emergirão do dilúvio
Em que afundamos
Pensem
Quando falarem de nossas fraquezas
Também nos tempos negros
De que escaparam.
Andávamos então, trocando de países como de sandálias
Através das lutas de classes, desesperados
Quando havia só injustiça e nenhuma revolta.

Entretanto sabemos:
Também o ódio à baixeza
Deforma as feições.
Também a ira pela injustiça
Torna a voz rouca. Ah, e nós
Que queríamos preparar o chão para o amor
Não pudemos nós mesmos ser amigos.

Mas vocês, quando chegar o momento
Do homem ser parceiro do homem
Pemsem em nós
Com simpatia.

Bertolt Brecht

Mais uma dica de leitura ...

"O Conde de Monte Cristo" também é um belíssimo livro que merece a mais atenta leitura. Alexandre Dumas conduz-nos a imagens inesquecíveis contando-nos as aventuras do Conde, originalmente chamado Edmond Dantés.

Um pensamento que me ocorre ...

Não posso deixar de recomendar a leitura de "Os Miseráveis" de Victor Hugo. Sem dúvida uma das obras mais universais da literatura mundial.

Victor Hugo demonstra, em sua produção, ter sido um profundo conhecedor da natureza humana, e de suas razões.

Quem tiver oportunidade busque também "O homem que ri", do mesmo autor.

quarta-feira, abril 14

Início das atividades ...

Durante o processo de "manufatura" deste blog estive pensando o que escreveria para inaugurá-lo. Uma mensagem de boas vindas ? Não... Uma frase que merecesse eco ? Não, também. Repetidamente descartei quaisquer idéias que surgiram. Até que lembrei-me de um texto de Eduardo Galeano, sobre o qual conversara com meu pai há alguns dias.

Para a leitura daqueles que se aventurarem neste blog, cujo nascimento, preteritamente, ensaiára em duas ou três oportunidades distintas, ao longo dos anos, segue, então, "Los nadies" ...


"Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan los nadies con salir de pobres, que algún mágico día llueva de pronto la buena suerte, que llueva a cántaros la buena suerte; pero la buena suerte no llueve ayer, ni hoy, ni mañana, ni nunca, ni en lloviznita cae del cielo la buena suerte, por mucho que los nadies la llamen y aunque les pique la mano izquierda, o se levanten con el pie derecho, o empiecen el año cambiando de escoba.

Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.

Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:

Que no son, aunque sean.

Que no hablan idiomas, sino dialectos.

Que no profesan religiones, sino supersticiones.

Que no hacen arte, sino artesanía.

Que no practican cultura, sino folklore.

Que no son seres humanos, sino recursos humanos.

Que no tienen cara, sino brazos.

Que no tienen nombre, sino número.

Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local.

Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata."

(Eduardo Galeano)

É ...